PASSAREI
(Álvaro Pacheco)
(Álvaro Pacheco)
Que a minha passagem pela tua vida não seja leve ou indelével.
É preciso que seja funda, e as marcas como cicatrizes de guerra.
Que não seja um Amor de circunstância ou apenas lembranças
agradáveis de alguns momentos de pureza.
É preciso que seja funda, e as marcas como cicatrizes de guerra.
Que não seja um Amor de circunstância ou apenas lembranças
agradáveis de alguns momentos de pureza.
Quero te dar um destino irrecuperável:
não a embriaguez momentânea, mas o vício permanente.
Que sejas depois de mim, outra mulher, um ser marcado
e massacrado por um amor contínuo, e que eu seja em ti
uma bênção e uma angústia.
Tentacular, serei não apenas o dia de sol, mas também
as noites de inverno e as luzes sufocantes do verão.
Passarei e talvez me esqueças, mas te deixarei pesadelos
e alucinações, e, passada a noite, uma aurora de plenitude.
Lembrarás as palavras de ternura mas também os estertôres
e alucinações, e, passada a noite, uma aurora de plenitude.
Lembrarás as palavras de ternura mas também os estertôres
e as asperezas, e esta minha dureza semilíquida de cáctos
e flor mineral. E te farei sentir saudade e angústia de tudo
que eu disse e não disse, que fiz e não tive coragem de fazer.
que eu disse e não disse, que fiz e não tive coragem de fazer.
Serás reconhecida como um mapa de uma terra distante, que
apenas um explorador de fato circunscreveu e disse os acidentes
e os sonhos líquidos. E sobre tudo te sentirás incorporada a um
apenas um explorador de fato circunscreveu e disse os acidentes
e os sonhos líquidos. E sobre tudo te sentirás incorporada a um
mistério que não saberás explicar, um desejo brutal e a ternura estelares
compostos na cosmogonia de ser o que pensavas e o que temias
dentro da absurda realidade de amar e ser amada, sem qualquer
razão e sem qualquer sentido que não sejam estes
da permanência na imortalidade.
dentro da absurda realidade de amar e ser amada, sem qualquer
razão e sem qualquer sentido que não sejam estes
da permanência na imortalidade.
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